Série Diálogo sobre “Cidadania”
Maura estava no carro com sua neta Letícia. A avó estava ao
volante. Chegando próximo da Universidade, a motorista parou antes da faixa de
pedestres, possibilitando a passagem de inúmeras pessoas. O carro que estava
atrás buzinou estridentemente.
Maura sorri e diz:
- Olhe, que absurdo! Eu parei o veículo na
faixa de pedestres para os transeuntes passaram, e o motorista do carro de trás
irritou-se e apertou a mão na buzina. Que horror! Detesto esse barulho.
Letícia diz:
- Ora vovó, paciência, deve ser algum aluno
atrasado para a aula.
Maura retruca:
- Querida você está sendo muito condescendente.
Nada justifica o desrespeito às leis. Nem mesmo a pressa. Além do mais, se eu
continuasse correria o risco de atropelar os caminhantes, pois eles também
estão apressados e já estavam adentrando na faixa.
Letícia fala:
- Rápida vovó, as colegas estão me aguardado!
Temos trabalho de grupo.
- Vou dar espaço para este motorista passar,
pois quero ver quem é. Aposto que é jovem!
Letícia diz:
- Não seja preconceituosa dona Maura! Os jovens
dirigem muito bem.
Maura (olha para o lado) e instintivamente complementa:
- Veja, eu não falei? É jovem, e ainda uma
garota! Estas são as mais impacientes e impulsivas. Tenho observado que
geralmente também são mulheres e jovens os motoristas que não param ou dão
passagem quando preciso sair do portão do prédio, com o carro em direção à rua.
Letícia diz:
- Você precisa entender, nós temos sempre muita
pressa. Não somos aposentadas, temos compromissos, ânsia de viver e geralmente
os idosos são muitos lentos e cautelosos na direção, param por qualquer motivo,
dão a preferência para todos. Chegam a ser irritantes.
Maura retruca:
- Já fui jovem, e cometi alguns erros. Foi pura
sorte não ter me acidentado ou prejudicado alguém, apesar de naquela época a
quantidade dos carros serem um centésimo do que é hoje. Ah! Se eu pudesse transmitir
a juventude um pouco deste aprendizado! A pressa não leva a nada: causa mais
problemas.
Letícia contra
argumenta em tom irônico:
Imagens Freepik |
Maura, com um sorriso
melancólico argumenta:
- Talvez por isso mesmo essa interação seja
necessária. Vocês já nascem muito agitados, não sabem mais brincar, ficam
presos ao computador, tablet, celular, todo o tipo de máquinas. Pensam que
dirigir é como tocar um botão num simulador de jogos eletrônicos. Esquecem que
existe o Ser Humano tanto na frente como atrás da máquina.
Letícia, levemente
contrariada fala:
- Nunca chegaremos num acordo neste assunto. Olhe ali estão minhas amigas. Pode parar?
Maura responde
mansamente:
- Calma, vou procurar um lugar adequado para
parar e então você poderá descer. Ah! Ali tem uma vaga para estacionar. Aguarde
e então você poderá abrir a porta e sair.
Letícia irritada
retruca:
- Está bem! Você manda, afinal está no volante
e eu sou a corona, já que não me deixa ficar com seu carro.
Maura estacionando diz:
-
Ainda é cedo para isso. Sua mãe precisa autorizar e ela ainda não permite que
você saia sozinha dirigindo por ai.
Letícia abre rapidamente
a porta do carro e saindo diz:
- Tchau vovó. Venha me buscar lá pelo final da
tarde.
Maura pacientemente
diz:
- Está bem querida! Boa aula.
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