COMO SAIR DO FUNDO DO POÇO?
Quem um dia não se sentiu no fundo de
um poço, cuja queda ocorreu inesperada e vertiginosamente sem que sequer tenha
percebido que estava afundando, ou mesmo numa caída abrupta? Ficamos vítimas desse tipo de golpe que vem
repentinamente, sem que saibamos de onde partiu ou a razão da forte batida. E
nestas situações o pior é que a recuperação não é milagrosa, mas sim, muito
lenta, isto quando acontece.
Nesta fase é que descobrimos que somente nós é que podemos nos levantar; pouco
importando o tempo decorrido para haurir as forças imprescindíveis para o começo
da recuperação. Em nossa jornada deparamos-nos com tantas ocorrências que não
entendemos, razões inexplicáveis para os fatos desagradáveis com os quais nos
defrontamos. Questionamos se fomos esquecidos pelo Criador, amaldiçoados pelo
destino, afrontados por inimigos cruéis e tantas outras desculpas. Somente a
partir do momento em que assentimos nossa própria responsabilidade consciente
ou inconsciente nas desditas sofridas é que principiamos um movimento de
restauração ou mesmo de remodelação comportamental em relação aos eventos negativos.
Ocorre que inúmeras vezes damos a outrem o poder de decidir, intervir, alegrar,
comandar, entristecer, orientar, desorientar, enfim de interferir ou de tomar o
leme de nossa existência.
E enquanto estamos imbuídos nessa terceirização
vivencial, ficamos sensíveis às intempéries advindas de pontos externos, inimaginável
em nosso pequeno mundo racional. É desta
forma que o inusitado nos atinge sorrateiro, provocando uma derrocada profunda.
Após mergulharmos em lamentações, maldizermos a sorte, passamos gradativamente a
conscientização de que a força para levantar está somente em nós. Ajuda externa
será inútil se em nosso íntimo não criarmos o desejo de recuperação. Exclusivamente
a partir do nascimento desta vontade de recobro é que acionamos a vigor da
escalada rumo à ascensão, que poderá ser até a borda, parar no meio do trajeto,
desviar, criar atalhos, descobrir novas beiradas, trilhar outros rumos, onde a
escolha será sempre nossa. Afinal para todo problema existe uma solução;
podemos desgostar das alternativas, porém, elas vislumbram recursos; inclusive
nada decidir e permanecer inerte no abismo também é uma opção.
Todavia, existem
ocasiões em que ao tentarmos levantar afundamos ainda mais, isto na tentativa
de movimentar o lamaçal em que nos situamos. Tempo, paciência, força, coragem,
esperança, sonho, criatividade, ilusão, imaginação são alguns recursos que auxiliam
nesta elevação. Algumas opções alvitram como fantasiosas, contudo, se na
conjuntura forem validadas, carecemos fazer uso delas, pois quando submerso é
que mais necessitamos de energias, mesmo quando estas advenham de ilusões.
Depois, em recuperação ou devidamente restaurados é que conseguiremos afrontar
os agravos, partindo para novos rumos, fazendo outras escolhas, assumindo o
controle de nossa história.
Afinal, sempre é tempo de recomeçar, mesmo em
devaneio, desde que traduza esperança, vontade de viver. Um poço sempre será um
poço e permanecerá lá, contudo, se acaso inadvertidamente cairmos, podemos nos
levantar!
Imagens Freepik |