terça-feira, 21 de outubro de 2014

O FUNDO DO POÇO

COMO SAIR DO FUNDO DO POÇO?
Quem um dia não se sentiu no fundo de um poço, cuja queda ocorreu inesperada e vertiginosamente sem que sequer tenha percebido que estava afundando, ou mesmo numa caída abrupta?  Ficamos vítimas desse tipo de golpe que vem repentinamente, sem que saibamos de onde partiu ou a razão da forte batida. E nestas situações o pior é que a recuperação não é milagrosa, mas sim, muito lenta, isto quando acontece. 
Nem sempre reconquistamos o equilíbrio do ponto inicial, soerguendo-nos e parando muitas vezes ainda em meio do caminho. Assim, desgastados e desaminados, consideramos que se chegar a qualquer local de apoio será satisfatório, isto se deparamos com uma escada de esteio. Por um período, encolhemos-nos e ficamos camuflados no buraco escuro; e é lá que nos encontra e enxovalha o nosso egocentrismo, inimigo impiedoso, ressaltando nossos sentimentos obtusos de orgulho e vaidade ferida. Embebidos neste processo de penalização e sentindo-nos injustiçados, buscamos nos aquietar, sofrendo escondido, pois a profundidade é tamanha que não conseguimos emitir sons audíveis de socorro.    
Nesta fase é que descobrimos que somente nós é que podemos nos levantar; pouco importando o tempo decorrido para haurir as forças imprescindíveis para o começo da recuperação. Em nossa jornada deparamos-nos com tantas ocorrências que não entendemos, razões inexplicáveis para os fatos desagradáveis com os quais nos defrontamos. Questionamos se fomos esquecidos pelo Criador, amaldiçoados pelo destino, afrontados por inimigos cruéis e tantas outras desculpas. Somente a partir do momento em que assentimos nossa própria responsabilidade consciente ou inconsciente nas desditas sofridas é que principiamos um movimento de restauração ou mesmo de remodelação comportamental em relação aos eventos negativos. Ocorre que inúmeras vezes damos a outrem o poder de decidir, intervir, alegrar, comandar, entristecer, orientar, desorientar, enfim de interferir ou de tomar o leme de nossa existência. 
E enquanto estamos imbuídos nessa terceirização vivencial, ficamos sensíveis às intempéries advindas de pontos externos, inimaginável em nosso pequeno mundo racional.  É desta forma que o inusitado nos atinge sorrateiro, provocando uma derrocada profunda. 
Após mergulharmos em lamentações, maldizermos a sorte, passamos gradativamente a conscientização de que a força para levantar está somente em nós. Ajuda externa será inútil se em nosso íntimo não criarmos o desejo de recuperação. Exclusivamente a partir do nascimento desta vontade de recobro é que acionamos a vigor da escalada rumo à ascensão, que poderá ser até a borda, parar no meio do trajeto, desviar, criar atalhos, descobrir novas beiradas, trilhar outros rumos, onde a escolha será sempre nossa. Afinal para todo problema existe uma solução; podemos desgostar das alternativas, porém, elas vislumbram recursos; inclusive nada decidir e permanecer inerte no abismo também é uma opção. 
Todavia, existem ocasiões em que ao tentarmos levantar afundamos ainda mais, isto na tentativa de movimentar o lamaçal em que nos situamos. Tempo, paciência, força, coragem, esperança, sonho, criatividade, ilusão, imaginação são alguns recursos que auxiliam nesta elevação. Algumas opções alvitram como fantasiosas, contudo, se na conjuntura forem validadas, carecemos fazer uso delas, pois quando submerso é que mais necessitamos de energias, mesmo quando estas advenham de ilusões.
Depois, em recuperação ou devidamente restaurados é que conseguiremos afrontar os agravos, partindo para novos rumos, fazendo outras escolhas, assumindo o controle de nossa história. 

Afinal, sempre é tempo de recomeçar, mesmo em devaneio, desde que traduza esperança, vontade de viver. Um poço sempre será um poço e permanecerá lá, contudo, se acaso inadvertidamente cairmos, podemos nos levantar!


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