segunda-feira, 4 de maio de 2015

Os Livros e as Amigas

Os livros e as amigas:

 Encontraram-se numa grande livraria, enquanto Lúcia cruzava o corredor, em busca dos livros de autoajuda; deu de cara com Lorena, antiga colega sua também aposentada:

Lúcia diz:

- Lorena, quanto tempo? Você ainda gosta de leituras pelo que vejo; continua fascinada pelos romances clássicos?

Lorena responde:
- Oh sim! Ainda mais agora que tenho tempo. Li todos os clássicos nacionais iniciando com MACHADO DE ASSIS, indo aos portugueses, ingleses, franceses, até os russos e muitos outros. Livro é cultura, é uma forma de conhecer o passado, as pessoas, as culturas, de entrar em sintonia com a história, pois na escrita encontro subsídios para entender o presente e o futuro. E você, continua naquela sua linha apelativa de “autoajuda”, tipo “como conseguir sucesso e prosperidade” ou como ter energias positivas” toda essa bobageira, escrita com o intuito de iludir os tolos?

Lúcia engole a seco, faz uma cara contrariada, suspira, para então retrucar:

- Amiga você continua a mesma, super sincera, nada afável, defendendo ferrenhamente suas opiniões como se fossem as melhores e todos devessem pensar e agir igual a você. Eu leio muito, inclusive romance, de preferência os mais atuais, os best-sellers, mas ainda concentro minha preferência nos livros de autoajuda. Descobri um autor americano, chamado Joseph Murphy, que é maravilhoso, Tem mensagens fantásticas, inclusive aproximou-me de Deus e auxiliou-me a ter paciência com pessoas egocêntricas.

Lorena olha com desdém para a amiga e fala:
- Depois de tanto tempo gasto com esse tipo de leitura, diga-me, você enriqueceu?

Lúcia olha atravessado para a colega e responde:

- Financeiramente eu continuo no mesmo patamar, que é o que me agrada. Tenho proventos que me proporcionam uma existência digna, porém, o que eu obtive foi prosperidade que é um anelo entre o equilíbrio financeiro, familiar, social, religioso e em consequência a felicidade. Sinto-me equilibrada.

Lorena diz com desdém:
- Você sempre foi muito certinha, preocupada com a humanidade. Eu leio para interagir com o mundo glorioso do passado, empolgando-me com sua riqueza, seu luxo, a vida em castelos, a educação refinada, coisas que não se vê hoje em dia. Agora todos são muito iguais. Acabou a” finesse”.

Lúcia sorri e diz:
- É você continua a mesma criatura preconceituosa...

Lorena fala:
- Ora, eu apenas valorizo quem merece, não penso que todos sejam iguais; existem pessoas mais cultas, de índole e família nobre, com tradição. Essa modernidade me incomoda.

Lúcia fala:
- Percebe-se. Bem, foi um prazer revê-la, mas vou me dirigir à minha seção que fica no segundo andar.

Lorena fala:

- Lúcia, vamos marcar um café para conversar, afinal temos tanto em comum, e eu estou sem amigas.

Lúcia pensa:
(Também, com este comportamento radical, considerando-se superior, só tende a afastar as pessoas). E então responde:

-Está bem, eu ligo qualquer dia. Agora me deixe, pois estou com pressa. Tchau...


Imagens Freepik
Lúcia ouviu Lorena dizer:

- Até a semana que vem; vou ligar para você e nos encontraremos... Tchau amiga...


Lúcia pensa em voz alta:



_ Vai sonhando que vou passar uma tarde com você!...

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