Encontraram-se numa grande livraria, enquanto
Lúcia cruzava o corredor, em busca dos livros de autoajuda; deu de cara com
Lorena, antiga colega sua também aposentada:
Lúcia diz:
- Lorena, quanto tempo? Você ainda
gosta de leituras pelo que vejo; continua fascinada pelos romances clássicos?
Lorena responde:
- Oh sim! Ainda mais agora que tenho
tempo. Li todos os clássicos nacionais iniciando com MACHADO DE ASSIS, indo aos
portugueses, ingleses, franceses, até os russos e muitos outros. Livro é
cultura, é uma forma de conhecer o passado, as pessoas, as culturas, de entrar
em sintonia com a história, pois na escrita encontro subsídios para entender o
presente e o futuro. E você, continua naquela sua linha apelativa de
“autoajuda”, tipo “como conseguir sucesso e prosperidade” ou como ter energias
positivas” toda essa bobageira, escrita com o intuito de iludir os tolos?
Lúcia engole a seco, faz uma cara
contrariada, suspira, para então retrucar:
- Amiga você continua a mesma, super
sincera, nada afável, defendendo ferrenhamente suas opiniões como se fossem as
melhores e todos devessem pensar e agir igual a você. Eu leio muito, inclusive
romance, de preferência os mais atuais, os best-sellers, mas ainda concentro
minha preferência nos livros de autoajuda. Descobri um autor americano, chamado
Joseph Murphy, que é maravilhoso, Tem mensagens fantásticas, inclusive
aproximou-me de Deus e auxiliou-me a ter paciência com pessoas egocêntricas.
Lorena olha com desdém para a amiga e
fala:
- Depois de tanto tempo gasto com esse
tipo de leitura, diga-me, você enriqueceu?
Lúcia olha atravessado para a colega
e responde:
- Financeiramente eu continuo no
mesmo patamar, que é o que me agrada. Tenho proventos que me proporcionam uma
existência digna, porém, o que eu obtive foi prosperidade que é um anelo entre
o equilíbrio financeiro, familiar, social, religioso e em consequência a
felicidade. Sinto-me equilibrada.
Lorena diz com desdém:
- Você sempre foi muito certinha,
preocupada com a humanidade. Eu leio para interagir com o mundo glorioso do
passado, empolgando-me com sua riqueza, seu luxo, a vida em castelos, a
educação refinada, coisas que não se vê hoje em dia. Agora todos são muito
iguais. Acabou a” finesse”.
Lúcia sorri e diz:
- É você continua a mesma criatura
preconceituosa...
Lorena fala:
- Ora, eu apenas valorizo quem
merece, não penso que todos sejam iguais; existem pessoas mais cultas, de
índole e família nobre, com tradição. Essa modernidade me incomoda.
Lúcia fala:
- Percebe-se. Bem, foi um prazer
revê-la, mas vou me dirigir à minha seção que fica no segundo andar.
Lorena fala:
- Lúcia, vamos marcar um café para
conversar, afinal temos tanto em comum, e eu estou sem amigas.
Lúcia pensa:
(Também, com este comportamento
radical, considerando-se superior, só tende a afastar as pessoas). E então
responde:
-Está bem, eu ligo qualquer dia.
Agora me deixe, pois estou com pressa. Tchau...
- Até a semana que vem; vou ligar
para você e nos encontraremos... Tchau amiga...
Lúcia pensa em voz alta:
_ Vai sonhando que vou passar uma
tarde com você!...
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